sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Estréia FANDO E LIS - AMANHÃ SEREMOS FELIZES


          O Grupo de Teatro A Gangorra leva ao palco do Teatro Pedro Parenti da Casa da Cultura nos dias 16 e 17 de novembro a estréia do espetáculo Fando e Lis - Amanhã Seremos Felizes do aclamado escritor Fernando Arrabal. A montagem, que está sendo realizada desde outubro de 2010, é a primeira encenação em palco italiano do grupo. O espetáculo recebeu o Financiamento da Prefeitura de Caxias do Sul através do Financiarte 2012.


         Fando e Lis - Amanhã Seremos Felizes mostra a ação da força da natureza, um turbilhão incontrolável que determina o andamento desse intrigante e absurdo enredo carregado de muita simbologia.      Para entender a encenação é necessário um desprendimento do racional. Há que se deixar levar pelas impressões emocionais e sentimentos. A montagem está ancorada sob a ótica do inconsciente, do onírico, do absurdo.  Uma produção atenta aos detalhes da representação, do visual, da paisagem sonora, sem deixar de lado a força da palavra.


         O grupo A Gangorra funciona coletivamente nas divisões das tarefas e para esse espetáculo tem as seguintes funções distribuídas: Direção, cenografia, sonoplastia e arte gráfica: Miguel Beltrami  Atores: Alexsander Carniel, Marco Felipo, Mauro Copetti, Rodrigo Dani, Silvia Lazzaretti  Contra-regra: Elizabete Silvestri  Iluminação: Fábio Cescon  Produção, figurinos: O Grupo  Assessoria na área de psicologia: Tatiane J. Pereira Coutinho.



FICHA TÉCNICA COMPLETA

Autor: Fernando Arrabal

Título Original: Fando e Lis

Tradução: Wilson Coelho

Direção: Miguel Beltrami

Atores: Alexsander Carniel, Marco Felipo, Mauro Copetti, Rodrigo Dani, Silvia Lazzaretti

Cenografia: Miguel Beltrami
Iluminação: Fábio Cescon
Sonoplastia: Miguel Beltrami
Figurinos: O Grupo
Maquiagem: O Grupo
Contra-regra: Elizabete Silvestri
Assessoria de moda: Jaq Lucas
Material gráfico: Miguel Beltrami
Concepção do cartaz: Alexsander Carniel
Fotografia: O Grupo
Assessoria na área de psicologia: Tatiane J. Pereira Coutinho
Direção de produção: Miguel Beltrami
Produção: O Grupo
Divulgação: O Grupo
Poesia em off Lis: Ismália - Alphonsus de Guimaraens
Poesia em off Fando: Eu Sou Nada - Alexsander Carniel
Gravação estúdio: Joel Vianna Estúdio
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Estrutura e carrinho de ferro: Silton Serralheria Jardim América
Acabamento cenografia: O Grupo
Boneca gigante: Paulo Nazareno Bernardo - Cia Nazareno Bonecos
Pintura degradê do cenário: Gustavo Gomes
Pintura final do cenário: Miguel Beltrami, Alexsander Carniel e Marco Felipo
Cadeiras e mesa de jogo: Perpétua Antiguidades
Costuras do tecido cenário: Cecília Todeschini Beltrami
Costuras figurinos: Cecília Todeschini Beltrami, Anilda Becker Beituni e Mara Vargas
Bengala, ovos cênicos, rampa de acesso, tambor: Januário Gomes Casuni
Revestimento de metal da bengala: João Luiz Soarez 
Barbas e bigodes: Miguel Beltrami e Marco Felipo
Impressão gráfica do cartaz e folders: Lorigraf

AGRADECIMENTOS
Aos Familiares, Jane Collet, Associação Espírita Estrela do Amanhã, Rafael Gedoz, Cecília Todeschini Beltrami, Marcos Ludke, Fernando Macedo, Fábio Cescon, Oly Beltrami, Jaq Lucas, Rachel Costa Zilio, Luiz Paulo Vasconcellos, Lorigraf, Constâncio Ferraro, Manifestasol, Tatiane J. Pereira Coutinho, Cristina Nora Calcagnotto, Grupo de Teatro Ueba e Imprensa.
 

SINOPSE


         O enredo é fortemente marcado pela interdependência entre Lis, uma mulher paralítica, e seu companheiro Fando que a conduz a bordo de um carrinho a caminho de Tar. Entre eles há um relacionamento vicioso marcado não só pela dependência física de Lis, mas também por um histórico de violência e afetividade. Fando, de modo sádico, aproveita-se da condição de Lis para cometer abusos físicos e morais. Logo depois, Fando pede desculpa e a acaricia procurando diverti-la tocando seu tambor e cantando a única música que sabe, a canção da pena.

          Quando tudo parece vazio e silencioso surgem três personagens que completam a ironia sutil da peça: Namur, Mitaro e Toso, os homens de guarda-chuva, pois carregam um. Eles, como Fando e Lis, vivem um relacionamento de dependência e caminham juntos em direção a Tar. Os homens do guarda-chuva acrescentam um toque de surrealismo e uma comicidade inquietante.

          Assim, parece quase impossível que todos esses personagens encontrem o seu destino, pois, em vez de chegarem a Tar, ficam sempre rodando em torno do ponto de partida. Tar, o local onde a dor, a doença, a dúvida, o frio desaparecerão. O paraíso. Afinal, algo que todos procuramos... Ali tudo será diferente.

FERNANDO ARRABAL


          O autor Fernando Arrabal é um dos dramaturgos mais premiado e encenado mundialmente. Recebeu o grande Prêmio de Teatro da Academia Francesa; o Nabokov de novela; o Espasa de ensaio, o World's Theater, entre outros. Entre seus textos famosos cita-se: Fando e Lis - 1955 (transformado em filme), O Arquiteto e o Imperador da Assíria - 1966 (encenado por José Wilker), o Cemitério de Automóveis - 1959 (encenado por Stênio Garcia). Dirigiu sete longas-metragens, publicou quatorze novelas, sete centenas de livros de poesia, vários textos para teatro, vários ensaios e a sua famosa Carta al General Franco em vida do ditador.
 

        Seu teatro mantém uma atualidade inquestionável face às incursões humanas, com um profundo teor subversivo e de crítica ao ser humano e à sua procura com o modelo de humanidade.  Nascido no Marrocos em 1932 e naturalizado espanhol exilou-se na França.  Fernando Arrabal é um dos criadores de um dos mais fecundos movimentos teatrais do século XX, o teatro pânico, junto com Jodorowski e Topor. As características desse movimento iniciado em 1960 são a ausência de regras e dogmas, predomínio de imagens oníricas, acentuação de comportamentos sádicos, tendência a forma cerimonial, base sagrada e caráter psicodramático. Embora o próprio autor faça uma distinção do seu teatro com o do absurdo, ele é considerado um dos representantes atuais desse movimento. Nomes como Ionesco, Becket, Adamov, Pinter e Albee são referências do teatro do absurdo. O crítico e professor de teatro Décio de Almeida Prado que as características fundamentais do autor Fernando Arrabal são a de um "teatro ao mesmo tempo selvagem e moderno, capaz de desvincular-se das amarras intelectuais de retornar ao concreto do corpo do ator, conferindo ao espetáculo as proporções de um ritual mágico coletivo."

A MONTAGEM


      Para entender Fando e Lis - Amanhã Seremos Felizes é necessário um desprendimento do racional. Há que se deixar levar pelas impressões emocionais e sentimentos. Só aí então, elaborar um pensamento, verificar resíduos que permitam discussões e questionamentos. A encenação deixa subjacente o discurso intelectual para ser ação no presente. Uma montagem realizada para alcançar diversos públicos sem perder as características de teatro do absurdo.

      Falar sobre a concepção do espetáculo poderia reduzir qualquer interpretação do espectador. Entretanto, pode-se dizer que a montagem está ancorada sob a ótica do inconsciente, do onírico, do absurdo. E é nessa dimensão que se encontram as personagens - um mundo desconfigurado. Nesse cosmos, Fando e Lis  são peregrinos , órfãos e sem abrigo, vagueando perdidos pela estrada que leva a Tar, acreditando que aí encontrarão finalmente a felicidade - que é o mesmo que dizer: a revolução que libertará das dores, das amarras, da violência. Mas eles voltam sempre ao mesmo lugar sem sequer ter a consciência de que o que os afasta de Tar não é uma distância geográfica, mas essas dores, amarras e violências. Há que se matar isso para a angústia ter fim.  Custa-nos a peregrinação a Tar, e talvez até desistíssemos dela, não fosse um vago vislumbre que nos guia sussurrando: "Não desistas, estas sempre à beira de lá chegar." E nunca lá chegamos, porque, estando lá achamos que Tar é mais além, naquele lugar inalcançável onde só sabemos que corre um rio e tudo é possível.

      Não somos nem bons nem maus, apenas muito humanamente inconsciente de  nós, dos outros e do mundo. Adultos-meninos estamos subjulgados pela obscuridade das pulsações, dos ruídos e silêncios que não nos deixam ouvir o coração. Ao ouví-lo, talvez se chegue a Tar, talvez uma nova consciência da existência. "O drama da condição humana advém unicamente da consciência. Obviamente, a consciência e suas revelações permitem que criemos uma vida melhor para nós mesmos e para os outros, mas o preço que pagamos por essa vida melhor é alto. Não é só o preço do risco, do perigo e da dor. É o preço de conhecer o risco, o perigo e a dor. Pior ainda: é o preço de conhecer o que é o prazer e de conhecer quando está ausente ou é inacessível." António Damásio - O mistério da consciência.

      Fando e Lis - Amanhã Seremos Felizes mostra a ação da força da natureza, um turbilhão incontrolável que determina o andamento desse intrigante e absurdo enredo carregado de muita simbologia. Uma produção atenta aos detalhes da representação, do visual, da paisagem sonora, sem deixar de lado a força da palavra. O processo de ensaio iniciou em outubro de 2010 e desde lá houve muita pesquisa, debates, dúvidas, resoluções e... ensaios. É com muito prazer que desejamos um ótimo espetáculo à todos.

 

DEPOIMENTOS DOS INTEGRANTES




     "Os personagens passaram a fazer parte de nossas vidas a todo ensaio. Conviver com seus medos e anseios, desejos e frustrações, permitiu um crescimento a todos nós, não apenas como atores mas também como pessoas." Alexsander Carniel

     "Fando e Lis - Amanhã Seremos Felizes tem algo a ver com o grupo A Gangorra, estamos todos em busca. Elizabete Silvestri

     "Arrabal ao dissecar o Homo Sapiens (Fando) prova que o desumano é humano e inegavelmente inevitável." Marco Felipo

     "Apaixonamo-nos pelo texto em sua primeira leitura: foi arrebatador. Dois anos de convivência com Fando e Lis, e as descobertas ainda acontecem. A nossa imersão nesse trabalho contagiou nossos espíritos e a maturidade chegou. Chegou a hora de partilhar algo que muito nos encanta."  Mauro Copetti

     "Um turbilhão de sentimentos vem a tona quando penso em Fando e Lis - Amanhã Seremos Felizes. Eles ficam povoando e criando outras conexões sem fim até o momento que coloco um ponto,  não com o intuito de um fim mas de estabelecer uma pausa. Fando e Lis é esse universo infinito que é o ser humano. É uma história de muita simbologia com muita dor, muita alegria - de amor." Miguel Beltrami
 
     "Fando e Lis - Amanhã Seremos Felizes nos faz refletir sobre o amanhã, se existe o amanhã, se estamos correndo mas acabamos sempre no mesmo lugar. Talvez, nunca chegaremos a cidade de Tar porque já estamos nela, apenas não temos consciência disto ou o objetivo seja exatamente permanecer na constante busca." Rodrigo Dani

     "Fando e Lis encontra-se no patamar de peças que todo ator/atriz devem ao menos ter contato, seja lendo ou atuando. Paradigmas filosóficos, bem como o medo da solidão e de coisas mundanas fazem parte do contexto e temática do espetáculo." Silvia Lazzaretti

      "Fando e Lis - Amanhã Seremos Felizes instiga em nós, espectadores, público, a reflexão da busca da plenitude, do finito e do infinito, do que pode ser o amor e o ódio... por fim, cada um que se oportunizar prestigiá-lo poderá concluir de maneira surpresa, as surpresas de entrar em contato com seus sentimentos. Parabéns ao grupo pela dedicação, empenho e profissionalismo realmente investidos nessa história que extrai misto de sentimentos." Tatiane J. Pereira Coutinho