O enredo é fortemente marcado pela interdependência entre Lis, uma
mulher paralítica, e seu companheiro Fando que a conduz a bordo de um carrinho
a caminho de Tar. Entre eles há um relacionamento vicioso marcado não só pela
dependência física de Lis, mas também por um histórico de violência e
afetividade. Fando, de modo sádico, aproveita-se da condição de Lis para
cometer abusos físicos e morais. Logo depois, Fando pede desculpa e a acaricia
procurando diverti-la tocando seu tambor e cantando a única música que sabe, a
canção da pena.
Quando tudo parece vazio e silencioso
surgem três personagens que completam a ironia sutil da peça: Namur, Mitaro e
Toso, os homens de guarda-chuva, pois carregam um. Eles, como Fando e Lis, vivem
um relacionamento de dependência e caminham juntos em direção a Tar. Os homens
do guarda-chuva acrescentam um toque de surrealismo e uma comicidade
inquietante.
Assim, parece quase impossível que todos
esses personagens encontrem o seu destino, pois, em vez de chegarem a Tar,
ficam sempre rodando em torno do ponto de partida. Tar, o local onde a dor, a
doença, a dúvida, o frio desaparecerão. O paraíso. Afinal, algo que todos
procuramos... Ali tudo será diferente.
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